A tentação em quatro atos
ARK:
https://n2t.net/ark:/35231/pergaminho.v1n1.8Palavras-chave:
Teoria Semiolinguística, Estratégias argumentativas, Diabo, BíbliaResumo
Há na Bíblia um apelo à harmonia entre os homens e Deus, no entanto, existe um personagem conhecido como Diabo que age em desfavor disso, desacreditando o homem diante de Deus, e este diante daquele. Essa intervenção diabólica mostra-se relevante no contexto bíblico, principalmente por meio da linguagem. Isso motivou-nos a investigar a manifestação discursiva sedutora e subversiva do Diabo. O objetivo deste trabalho é, portanto, analisar as estratégias argumentativas nos enunciados do referido personagem, dirigidos à Eva, a Deus e a Jesus, na Bíblia. Assim, para a realização do presente estudo, de caráter eminentemente bibliográfico, recorremos à Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (2010), que concebe a significação como um ato resultante não só das circunstâncias da enunciação, como também das possibilidades interpretativas do destinatário ao qual o discurso é dirigido. Considerando a abrangência do fenômeno discursivo, recorremos também aos estudos sobre argumentação de Koch (1996) e Ducrot (1987). Os objetos de análise são os seguintes textos: o Livro do Gênesis, Capítulo 3; Jó, Capítulos 1 e 2; e, o Evangelho de Mateus, Capítulo 4, conforme estão plasmados na Bíblia de Jerusalém. Na verificação proposta, serão avaliados os efeitos de sentido resultantes das estratégias argumentativas na construção da força persuasiva desses enunciados, mormente o papel da negação, da citação, da restrição, do questionamento e da dedução. Observamos que tais procedimentos agem como ferramentas de pressão persuasiva sobre os interlocutores do Diabo, fato que evidencia que o discurso em comento se configura como uma atividade argumentativa tentadora.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Retórica. Trad. Manoel Alexandre Junior. 2. ed. São Paulo: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2005.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. 5. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
BRANDÃO. Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. 8. ed. São Paulo: UNICAMP, 2002.
CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de organização. Trad. Ângela S. Corrêa & Ida Lúcia Machado. São Paulo: Contexto, 2010.
DUCROT, Oswald. O dizer e o dito. Trad. Eduardo Guimarães. Campinas: Pontes, 1987.
GIRARD, René. Eu via Satanás cair do céu como um raio. Trad. Vasco Farinha. Lisboa: Instituto Piaget, 2002.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1996.
PERELMAN, Chaim; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado de argumentação: a nova retórica. Trad. Maria Ermantina Galvão. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
QUINZON. Marie, Therese. Dicionário cultural do cristianismo. São Paulo: Loyola, 1999.
SILVA, Antônio Gilberto. A Bíblia através dos séculos. 15. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Pergaminho
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.