Esboço

Autores

  • José de Mota de Souza

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Resumo

Extrema e densa morte, pega-me a mão.

Sou teu, conduz-me ao barco que ancoras

No derradeiro cais da vida humana.

 

Ao longe, os olhos quase não vislumbram

Os rastos gastos de sapatos sujos,

deixados sob a cama em que morri.

 

Foi o gesto maquinal da vista nua

Indesejando o fel da festa da alma;

Porém, o corpo sucumbiu à dor

 

 E viu, enfim, que a vida é abjeta

Se a concebemos com prazeres vis.

De tudo, resta-me, arde-me esta nova

 

E fria vida, sem tolices fúteis.

Ah, Morte, amiga digna, temem-te

Os homens por se darem à ignorância,

 

Pois só existir não basta, é preciso

Doer no cerne da existência crua.

Morrer é o gesto que condena ou sagra

 

O fim de tudo em nós, que ao pó tornamos.

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Publicado

12.09.2022

Como Citar

SOUZA, J. de M. de . Esboço. Revista Pergaminho, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 55, 2022. Disponível em: https://revistapergaminho.aicla.org.br/index.php/pergaminho/article/view/39. Acesso em: 3 dez. 2024.