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https://n2t.net/ark:/35231/pergaminho.v2n1.39Abstract
Extrema e densa morte, pega-me a mão.
Sou teu, conduz-me ao barco que ancoras
No derradeiro cais da vida humana.
Ao longe, os olhos quase não vislumbram
Os rastos gastos de sapatos sujos,
deixados sob a cama em que morri.
Foi o gesto maquinal da vista nua
Indesejando o fel da festa da alma;
Porém, o corpo sucumbiu à dor
E viu, enfim, que a vida é abjeta
Se a concebemos com prazeres vis.
De tudo, resta-me, arde-me esta nova
E fria vida, sem tolices fúteis.
Ah, Morte, amiga digna, temem-te
Os homens por se darem à ignorância,
Pois só existir não basta, é preciso
Doer no cerne da existência crua.
Morrer é o gesto que condena ou sagra
O fim de tudo em nós, que ao pó tornamos.
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Copyright (c) 2022 José de Mota de Souza
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